Um dos objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas (ONU) é o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n.º 4, que pretende garantir a educação universal através da promoção de oportunidades inclusivas de aprendizagem ao longo da vida. Um marco importante a ser alcançado, dentro da estrutura do objetivo 4, é o de preparar os indivíduos com um conjunto de ferramentas ou competências que lhes permitam desenvolver soluções e lidar efetivamente com os desafios do mundo em evolução. Assim, essas competências específicas, também conhecidas como competências para a vida ou funções executivas (FE), de acordo com a neurociência cognitiva, parecem ser, não apenas uma ferramenta essencial, que permite aos indivíduos lidar efetivamente com as demandas e desafios da vida quotidiana, mas também críticas para o sucesso escolar (Alloway & Alloway, 2010; OMS, 1994).
As pesquisas, nas últimas décadas, relataram melhorias no desenvolvimento da FE desde a infância até a idade adulta (Anderson, 2002) e que essas melhorias estão associadas ao desenvolvimento de competências precoces em matemática e ciências (Best, Miller & Naglieri, 2011; Duncan et al., 2007), além da realização escolar (Blair & Razza, 2007) e desempenho académico (Diamond & Lee, 2011). Parece que crianças que são melhores em manter e atualizar informações, inibindo respostas automáticas e controlando e regulando os seus comportamentos, desenvolvem competências académicas precoces e exibem maior sucesso escolar (Sandilos, Whittaker, Vitiello & Kinzie, 2019).
Com isso em mente, o principal resultado do presente projeto é treinar crianças em idade pré-escolar e alunos do primeiro ano, nos domínios da FE e correlacionar os resultados com as realizações da escola. Esperamos que as crianças beneficiem desse programa de intervenção da FE, especialmente aquelas com função executiva mais baixa (Flook et al., 2010; Karbach & Kray, 2009; Lakes & Hoyt, 2004), e que o seu treinamento precoce possa nivelar as habilidades executivas das crianças e, portanto, contribuir para reduzir as disparidades sociais no desempenho académico (O'Shaughnessy et al., 2016).